19-10-2022
As Alterações Climáticas, as Inundações e o Ordenamento do Território
Já começam a ser evidentes as consequências das alterações climáticas. Cada vez mais assistimos a recorrentes fenómenos extremos em todo planeta e um desses fenómenos mais devastador são as inundações que resultam de precipitações: rápidas e de elevada intensidade; ou moderadas e permanentes.
Este excesso de precipitação tem como consequência natural não só a saturação dos solos (impossibilitando a infiltração das águas), mas também o aumento do caudal dos cursos de água, originando o extravase do leito de cheia e a inundação das margens e áreas circunvizinhas.
Esta saturação do solo pode também estar relacionada com fatores externos como por exemplo: a ocorrência de incêndios florestais onde a cinza forma uma camada impermeável impedindo a normal infiltração das águas pluviais no solo; a construção de barreiras arquitetónicas em zonas de cheia, que incrementam substancialmente a probabilidade deste fenómeno ter impactos prejudiciais para a saúde pública, ambiente, património e para a economia local.
Estes são os fatores com maior peso para a ocorrência de inundações, no entanto, importa também ter em conta fatores naturais, como a orografia do terreno, a geologia e fatores antrópicos como entupimentos devido a mau escoamento de lixos e a realização de construções nos leitos de cheia. Note-se que as cheias são um fenómeno previsto nas épocas de chuva e toda a rede hidrográfica possui uma área circundante em que é normal que o leito aumente (zonas de cheia).
Duma forma geral, as consequências deste tipo de fenómeno são frequentemente elevados e traduzem-se em avultados prejuízos para as comunidades podendo até conduzir à perda de vidas humanas e bens e, por isso, um grave problema.
Na maior parte dos casos, é possível prever uma cheia, através das observações meteorológicas, da cartografia temática (histórico de cheia) e do conhecimento das descargas das barragens, e assim minimizar as suas consequências, avisando atempadamente as populações através dos meios de comunicação social (jornais, rádio, televisão), ou de comunicados no site da ANPC, e recomendando a medidas de autoproteção adequadas.
Contudo, em casos de inundação (flash floods), provocada por precipitações intensas e repentinas, associadas a instabilidades atmosféricas de difícil previsão, nem sempre é possível alertar a população com a devida antecedência.
Atendendo às alterações climáticas e à imensidão de fatores a ter em consideração e que carecem de acompanhamento e análise, é neste enquadramento que os SIG se tornam num importante aliado no combate destes fenómenos extremos e num crucial sistema de apoio à decisão em questões de ordenamento do território e na criação de regras eficazes na prevenção dos riscos associados às inundações.
A integração centralizada por camadas relacionadas deste diversificado conjunto de informação permite a criação de ferramentas úteis para a modelação, planeamento e gestão na prevenção e controlo de inundações. Este conhecimento ao estar sistematizado faz a diferença em todas as áreas, seja no ordenamento da paisagem, na monitorização dos solos, ou na prevenção do risco de inundação.
Pelas potencialidades técnicas que podem ser desenvolvidas e implementadas, é inquestionável que a adoção da tecnologia SIG permite a implementação de novas formas de trabalho e assim, o tratamento e produção interna de informação de interesse operacional capaz de contribuir para uma maior colaboração e consolidação técnica dos agentes da proteção civil.
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